Aqui Nasce o Rio Potengi
A LENDA DA JOBÓIA
Está lenda vive nas águas do açude Eloy de Souza, essa história surgiu na metade do século XX; posto que o açude foi construído em fins da década de 30. Contam que uma jovem engravidou e, sem que ninguém soubesse disto, deu à luz seu filho na beira do açude. Não querendo assumir perante o povo do vilarejo a maternidade desta criança, essa perversa mãe lançou a inocente no fundo das águas para matá-la afogada. A criança não fora batizada, e muito menos recebera um nome. Com sinal de castigo dos céus, o pequeno pagão transformado em jiboia e passou a habitar o fundo das águas do açude Eloy de Souza. Diz o povo que a jiboia sai muitas vezes, tarde da noite ou de madrugada, para tomar ares no cruzeiro da cidade. E de tão grande que é, enquanto chega à pedra mais alta do nosso cruzeiro, tem ainda a cauda dentro das águas do açude. Eis porque muitos receiam passar pela ponte fora de hora ou andar naquelas imediações sozinhas!... Os mais velhos contavam que em uma ocasião de grande seca, quando não houvesse mais água no açude, a jiboia sairia em busca da igreja matriz. Lá reencontraria desnaturada mãe, cuja alma estaria pedindo perdão a deus pelo crime cometido. A mulher amamentaria a jiboia que se transformaria novamente em criança, quebrando a maldição do encantamento. Isto deveria acontecer na presença de muitos, para testemunhar a ira de deus em vista dos pecados cometidos contra inocentes.
BUTIJAS
As famosas butija eram bastante acreditadas! Refere-se a riquezas deixadas por povos de outros tempos, escondidas em potes de argila. E sabe-se que isso era uma prática comum na região, pois não havia bancos. Mas contam que se acontecesse de tal pessoa falecer sem desenterrar o tesouro, sua alma ficaria vagando pelo mundo até incumbir alguém de fazer por si o resgate da fortuna. Os agraciados com tal missão ficariam ricos, e a alma livre das penas eternas. As instruções ao “ vidente” eram dadas em sonhos, pela própria alma durante três sextas-feiras consecutivas. Antes da retirada da butija, estas revelações só poderiam ser ditas à outra pessoa de quem a alma quisesse dispor. E uma vez munido da missão deveriam se colocar sob intensas orações, para vencer os embustes do demônio que tudo faria a fim de desanimá-los. O geral duas pessoas “arrancavam” a botija porque, enquanto uma executasse o trabalho braçal, a outra deveria rezar ininterruptamente. Alguns tinham visões terríveis durante esses trabalhos... pois se o tentador conseguisse impedir que executasse a tarefa, a pobre alma se perderia. Os tesouros das butijas consistiam quase sempre em moedas antigas, muito ouro, e outros objetos de valor indefinido. Em alguns casos isolados a lenda acusa o surgimento de coisas pouco significativas, financeiramente.
As histórias de botijas sempre seduziram o povo, pela riqueza fácil proveniente delas. Mas um fundo de moral cristã encerrado no conto: a reprovação coletiva das grandes massas à atitude egoísta dos ricos avarentos de outras épocas que em vida não souberam dividir suas fortunas com os necessitados. Na crença a salvação do morto dependeria de sua remissão, mesmo que aparentemente tardia, quanto ao pecado de avareza. E como o sucesso do trato passaria pela vontade dos vivos, na maioria das vezes pobres, a proposta do além deveria ser bastante compensadora. É ainda notório que alguns recusassem as vantagens oferecidas pela alma, porque estas trariam alguma maldição consecutiva.
A PROFECIA DAS TRÊS NOITES
Mas pouca coisa atemoriza tanto os antigos cerro-coraenses quanto o profecia das três noites de escuro. Como sabemos, a lenda previa um ciclo de três dias inteiros de absoluta escuridão. Neste período somente as velas bentas reluziriam, nada mais daria lume sobre a terra. E esta era a razão porque muitos guardavam em estoque velas usadas no sábado de aleluia. Esse mito prefigurava uma espécie de fim de mundo por três dias. Coisas terríveis se sucederiam! Ninguém poderia sair de casa, sequer olha pelas janelas “ a danação” na rua. Estranhos seres viriam arranhar as portas, com urros desesperados. Os amasiados se transformariam em feras, e com unhas afiadas correriam em busca de cristãos para furar-lhes os olhos e tirar-lhes a vida. Embora trágica, a ameaça deste fim de mundo incitava a vigilância dos cristãos de antigamente. Muitos anciãos de Cerro Corá morreram convictos da iminência deste evento.
LOBISOMEN
Antigamente era muito comum ouvir histórias de lobisomem, havia pessoas que jurava ter visto um desses seres pelos tabuleiros de barro vermelho, caraúbas, cerro corá. Tem até história de cabra macho que lutando contra um dos tais monstro o desencantou !...Os lobisomens apareciam em noites de lua cheia nas fazendas, ou fora de hora pela vila. Enlouquecia os cães... Dizem que o infeliz amaldiçoado por tão triste sina de procurava o lugar onde os bichos se espojavam nos currais para ali dar início ao seu ritual de transformação. Ele dava três nós na camisa, rezava umas orações às avessas, e após esta mandingas rosnava no chão “virando lobisomem”
A FULÔZINHA
Certamente este é um dos mitos mais contado entre os cerro-coraenses. A fulôzinha seria uma espécie de entidade das matas, que ajudava ou embargava as ações de um caçador. Alguns a descrevem como uma figura feminina baixinha, toda peluda, de cabeleira enorme e afogueada. Ela costumava fazer trancinhas nas crinas dos animais e possuía uma assovio tão agudo quanto perturbador. Também se ocupava em correr pelo milharal à noite, a entrançar o cabelo das espigas de milho embonecando-os. Gostava de fumo assim como os macacos gostam de bananas. E o caçador que quisesse ser bem sucedido em suas caçadas, lhe ofertasse uma porção de tabaco. Esta oferenda traria o benefício de uma caçada muito próspera, porque a fulôzinha era fidelíssima aos seus benfeitores. Mas uma vez que lhe fizessem esse agrado, jamais poderiam deixar de repeti-lo. E ai de quem lhe contrariasse!... Ela era temperamental e vingativa. Com seus logos cabelos surrava os cães de caça, espancava e perdia os caçadores que traíssem a sua confiança... Em cerro corá há muitas versões de causos da fulôzinha. Afirmam que esta entidade é “alma dos tapuias“. Uma vez que eles não eram batizados, depois de mortos vagavam pelas matas... A palavra fulôzinha é um apelido carinhoso para a Caipora, porque “dizer seu verdadeiro nome traz mal azar”... o sertanejo jamais pronunciava dentro de casa. Sem contar que chamá-la de Caipora era certeza absoluta de desperta sua ira.
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